quinta-feira, 23 de setembro de 2010
SEXO à GRANEL
Eu espalho as revistas incertas
da teimosia
nesta prisão moral,
eu calço nos dedos os olhos
afiados
pelo canto do sabiá,
a noite e o dia
são pólens
escorrendo dos sexos
que o gênio pinga no mar
o cego tateia na alameda
as estrelas
apagadas
do Paraíso,
longe das certezas das delegacias
só o exagero
é verdadeiro no amar,
porque eu te corrompo
e te prostituo na arena
e o meu amor
é cada vez mais surpresa,
não importa o que se mova
ao longo dos muros
na escuridão,
eu sei o que se esconde
embaixo da batina dos cardeais,
o sexo à granel
é uma realidade
que o dinheiro
ainda pode comprar,
eu sei disso
meu olhar
é uma flâmula
costurada
pelo som do mel
engasgado
na única infância permanente:
a saudade desvairada
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
AMOR de CÃO
Nas casas abandonadas faço estremecer tua alma
pela virulência do amor de cão que embrenho
no luar das tuas carnes
Quem segue na estrada
recolhe a sombra debaixo da árvore
que é sempre noite
Como uma pedra
eu faço parte da estrada,
a Rainha vem num cavalo
docemente selvagem
a nudez dá sentido à aurora
e o caminhão leva meus ossos até a guerra,
quando a Terra se alinhar ao Sol
apareço, enfim, gargalhando cópulas
ao longo da tua pele
que inspira rouxinolices
aos anjos que circulam
disfarçados de humildades
A capa branca do bruxo rasga
e o sexo uivando estrelas
mostra minha cara libertina
te caçando - fêmea estendida
pela seda, sonho das pétalas,
quando estarei livre do tempo
e da obrigação de atirar estrelas
ao céu passante? Molhado da tua égua
engendro liberdades, e a carne ilumina o sonho
sábado, 11 de setembro de 2010
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
URUBU em BRASA
Eu amarro o burro
do lado escuro da lua
aonde os bares fantasmas
fecham nunca
Eu vivo sinistro - urubu em brasa!
meio sorrindo como o sol
é uma pedra encravada
na dúvida
e o arco-íris o canto rupestre
do rouxinol desencarnado,
ávido pelo verão,
nativo como o sonho bárbaro
Eu fui aquele por quem as velas
derreteram em lágrimas
a sombra sorrindo
fúnebres serenatas
Derramadas pela taça
na lua,
pragas em ventania,
o que resta além da orgia?
Pálido o alazão lunar
morre a segunda vez
pela sereia e descobre:
só na mulher o sexo é vampiro
A busca
é uma ilusão
geométrica,
o caos amontoa
pedras
sobre a chama lógica
o oceano é apenas
um carnaval
de bolhas sopradas
levando desenhos
eu já nada quero
embaralho no verso
a cabeça que há
de ser degolada
vendo o amor
seguir
pedalando
num balão
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
OLHOS APAIXONADOS
Cada noite de desencontro
é um grito estrelando
a saudade no abismo
Cada noite sem você me descompleta
cada lágrima solitária deixo espetada
nos clarões da lua
O deleite dos anjos espalha as brasas
da anarquia aonde eu só queria
ter você
As estátuas sibilam mensagens
pelas aves noturnas
sexo e liberdade encarnam na praia
um anjo de fogo que eu dobro
até fazer da areia um sino do céu
e os amores que eu deixei
dedilham harpas nos meus olhos
apaixonados por você tão intensamente
que nem na morte dispo da pele teu sabor
e o pássaro cego sabe do que é feito o sonho
quando a natureza
se faz música
pelo sorriso da tua alma
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