terça-feira, 8 de março de 2011
CÓLERA DOURADA
Rosana, é como se as seringas do inferno despejassem
a lava do apocalipse dentro de mim.
Tudo tão funéreo que as putréfalas costas deste país arriado
ardem da mediocridade consumista.
A aparência do morto é desespero sadio e controlado.
Meu nome é anjo desembestado de cólera.
E tudo é dúvida.
E a noite caiu
com suas taxas e impostos e máfias travestidos de boites
- me ligue, vou roer o osso da decepção.
A aurora é uma massa desintegrando entre vapores
e arroubos literários e a droga é passada entre esmolas
enquanto eu te visitava p’ra não te encontrar e os velhos
cães sarnentos e aleijados demonstravam afeto se esfregando
em mim para meu nojo de Lord Etiqueta rolar pelos pontapés
e eu não sabia que os meus ídolos são vampiros de finanças
e de glórias.
Cá estou malandreado
não há nenhum chão nenhum céu nenhuma distância
o sol mudou o curso largando o amanhã
foi um louco que arrancou o leme celeste
Cabo Kennedy jaz coberto por uma nuvem de urubus
e as flores aplaudem com as pétalas toda exportação
do que nós somos.
Ouça o tempo cronometrado pelos galos e a certeza
de que a cada manhã a minha quota de esperma vira sal
no quadrante solar. Eu! Eu! Eu! sou o homem engasgando
a pedra cujo açúcar é tenébrio e a beleza para mim é a tortura
dos vermes que roem o sexo inútil.
As notícias são a prova de que a desgraça não é exclusiva
e que os vampiros decrépitos saem pegajosos dos hotéis
gonobípedes e grudam na tua carne feito pulgas doentes.
Só te/me restará a fuga como as formigas abandonam a madeira
invadida pelo fogo e os amores neuróticos e não comunicados
embebedarão como o bacanal dos venenos que lava tua cabeça
como uma cidade de pecados esmagada pela justiça cruel dos homens.
Sou poeta das ruas e o meu canto é feito de espanto e horror
eu martelava no piano o som que era a essência das rosas e um clima
de jardim erótico e planície sobre o sol se fez sentir.
Não...! me lambuzem de morte pelas taças derramadas da cólera
dourada de Jeová, as entidades as entidades te conduzem pela escada
forrada de carniça e um fedor que o vento sacudido liberta
embriaga o ambiente servindo a flor das caveiras.
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