quinta-feira, 17 de março de 2011
CANÇÃO de NINAR
ao Vinícius
Eu cantei a noite
e a saudade pingou o mar
do universo chorado
Você é a atitude
e a verdade a abrinquedar
do verbo amolecado
Eu estive no horizonte
aonde os planos são farras
do anjo que sopra estrelas céu embora
É hora de brincar, meu filho,
futebol e rap pulam da cartola
riscar a estrada aventura sem demora
Domei a fera - na bússola o coice,
aonde você você estiver
minha alma monta guarda e a solidão foi-se
Eu não inventei o amor, delirante
ou não a canção de ninar
é a zoeira gargalhada no navio pirata
Mas eu conheço a saudade
levo na sombra
a tenda - no sonho a ansiedade
terça-feira, 8 de março de 2011
AMOR SÓ TEU
O meu amor por você é tão maior
que eu viro um menino
vendo o céu sorrir
pelas asas do anjo teu
O meu amor por você é tão arteiro
que eu subo no telhado
p'ra ter o cheiro
que você mulhereia no luar
O meu amor por você é um ser inteiro
numa viagem de tal modo arruaceira
que o festejo do meu querer correspondido
é o sonho permanente no acordar
O meu amor por você é tão amante
que eu te amo tanto amásio da tua ausência
amando apenas o pedido do te ter
amada como amante desmedida
amante mais amada
de um amor só teu
VIOLÃO de CARNE
E o céu ficou rubro
manchado pelo meu sangue
permanecendo mudo
vislumbro o amor
na dúvida que você teima
em manter viva
como se não houvesse valor
no ouro que eu tiro do suor
p’ra você
Santos guerreiros petrificados de cólera
dissolvidos sob a chuva do sexo
viram sal, ora, até o sagrado
desmorona quando gafanhotos
despem disfarce de colibri
no jardim em que o amor
fecunda rosas nas ancas ondeantes das éguas
pois das fêmeas você é a Fêmea que tem um pomar entre os quadris
Meu amor, a trégua tortura o amante,
olhos abertos principiam o delírio
- nenhum sonho diz o nome do fruto
que a tua nudez desenha na saudade
Hoje a tristeza é minha amiga
a ausência o anjo do teu nome
que me faz voltar p’ra casa
dedilhando o violão de carne da saudade
trazendo nos braços o desejo prolongado
do meu sexo ao deleite aceso
entre tuas pernas
Um dia você bordando armaduras
das chamas épicas do dragão
perguntará aos adivinhos
se houve no mundo
amor maior, e os adivinhos
da verdade sendo as lâminas
do escuro da cor buscarão a clareza
transparente na vidência:
o amor maior é o que você faz meu
A NOITE CHEGA numa CANTIGA
Eu abobo na tua corte
o anjo abrindo as asas
pelo sorriso da nudez
Eu desço do cavalo da minha sombra
e o meu sexo é um relincho em brasa
espalhando o sonho que deixo aos teus pés
toda vez
Abóboro a meia-noite
das bruxarias amorosas
a rua é o eco do meu chamado
desenhando-te as curvas no horizonte
Porque foi colocado na tua mesa
este coração que não me serve
e um carinho que faz do meu grito
um pincel inventando a cor
na vertigem do teu andar
- andaluzio das canções,
conta a gota que sai mar
da concha abotoada no tempo perdido
tão perdido de lembrança
que o amor é um anjo virado saudade
aonde a noite chega
numa cantiga brincada na cabra-cega
RESOLUTO
Te amar é certeza permanente
é saber que o de repente
é o vir que é só chegar
Te amar é ser inteiro e influente
na sabedoria tão querente
do mudança que é te estar
Por te amar o meu estado
é diferente
é festejar o dia quente
colorindo o mar
do deleite que você me desperta - emocionado!
Pois, te amar é verdade sorridente
é despir o manto ausente
resoluto em me dedicar a ti
CÓLERA DOURADA
Rosana, é como se as seringas do inferno despejassem
a lava do apocalipse dentro de mim.
Tudo tão funéreo que as putréfalas costas deste país arriado
ardem da mediocridade consumista.
A aparência do morto é desespero sadio e controlado.
Meu nome é anjo desembestado de cólera.
E tudo é dúvida.
E a noite caiu
com suas taxas e impostos e máfias travestidos de boites
- me ligue, vou roer o osso da decepção.
A aurora é uma massa desintegrando entre vapores
e arroubos literários e a droga é passada entre esmolas
enquanto eu te visitava p’ra não te encontrar e os velhos
cães sarnentos e aleijados demonstravam afeto se esfregando
em mim para meu nojo de Lord Etiqueta rolar pelos pontapés
e eu não sabia que os meus ídolos são vampiros de finanças
e de glórias.
Cá estou malandreado
não há nenhum chão nenhum céu nenhuma distância
o sol mudou o curso largando o amanhã
foi um louco que arrancou o leme celeste
Cabo Kennedy jaz coberto por uma nuvem de urubus
e as flores aplaudem com as pétalas toda exportação
do que nós somos.
Ouça o tempo cronometrado pelos galos e a certeza
de que a cada manhã a minha quota de esperma vira sal
no quadrante solar. Eu! Eu! Eu! sou o homem engasgando
a pedra cujo açúcar é tenébrio e a beleza para mim é a tortura
dos vermes que roem o sexo inútil.
As notícias são a prova de que a desgraça não é exclusiva
e que os vampiros decrépitos saem pegajosos dos hotéis
gonobípedes e grudam na tua carne feito pulgas doentes.
Só te/me restará a fuga como as formigas abandonam a madeira
invadida pelo fogo e os amores neuróticos e não comunicados
embebedarão como o bacanal dos venenos que lava tua cabeça
como uma cidade de pecados esmagada pela justiça cruel dos homens.
Sou poeta das ruas e o meu canto é feito de espanto e horror
eu martelava no piano o som que era a essência das rosas e um clima
de jardim erótico e planície sobre o sol se fez sentir.
Não...! me lambuzem de morte pelas taças derramadas da cólera
dourada de Jeová, as entidades as entidades te conduzem pela escada
forrada de carniça e um fedor que o vento sacudido liberta
embriaga o ambiente servindo a flor das caveiras.
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